Resumindo concluindo e baralhando...

Revisitei os emails que fui enviando ao longo do três primeiros meses que aqui passei e compilei o que de melhor descreve esta minha aventura... boas leituras!

“As malas estão feitas e seladas, rebentam pelas costuras, anseiam uma folguinha, e a única coisa que vos posso garantir é que quando voltarem trarão muitas experiências, histórias e vida para contar...”
[A minha casa] é “pequenina, cheia de luz, com uma vista de cortar a respiração. É só minha! A minha primeira casa, a minha primeira grande aventura de adulta...”

“É bom demais! As chicas andam aos magotes nas ruas, os chicos parecem tirados de um filme de carros chuning, a nossa casa é no centro da cidade, os vizinhos são de uma simpatia inigualável!
Salamanca é uma cidade do mais bonito que há... nos dias que antecederam a partida de Portugal, estava eu na bela instituição chamada Universidade Católica Portuguesa e deparo-me com o seguinte, escrito em Español numa casa de banho... '¿Qué es poesia? / Me preguntas mientras clavas tu pupila en mi pupila... / ¿Qué es poesia? / ¿Y qué te contesto?/ Poesia eres tu...' esta cidade é isso mesmo, poesia. A melhor maneira que tenho para a descrever é como poesia, não se explica, não se entende, não se gosta, toca-nos de uma maneira especial, sente-se de uma maneira especial e única. Só passou uma semana e parece que estou cá há meses, sinto a casa como minha, a cidade como minha e tudo faz sentido!”

... “Como diz a Tia Guida, Deus deu-me as nozes, agora tenho que mostrar que tenho dentes para elas! E esforçar-me-ei para que tal aconteça!”

[O tempo é estranho], “há dias em que amanhece chuvoso, depois abre e fica um dia caloroso e de repente um frio que corta as mãos e entra pelo nariz à bruta! Mas é bom! Cheira bem esta cidade!”

“Tivemos a nossa primeira aventura séria... pois bem! CARRO REBOCADO!!!” Não há qualquer tipo de palavras para descrever as nossas caras quando tivémos que pagar uma multa pelo reboque, pela estadia do carro no parque dos carros rebocados e por sermos estrangeiras!!! XENÓFOBOS!!!

“Primeiro fim-de-semana tipicamente salmantino, copas y más copas... Variadíssimas nacionalidades, conversas cruzadas, troca de experiências, um sem fim de coisas que nem sei bem como expôr sem me baralhar toda! A verdade é que aqui as coisas ganham um novo significado, descrever a praia das Avencas a uma Holandesa traz nostalgia, falar de tipos de língua em espanhol torna-se uma serie cómica!”

“A Catedral... a Catedral é assim uma coisa que nos esmaga, nos detém a respiração e nos faz sentir pequeninos perante tamanha enormeza. Sentei-me numas escadinhas a desvendar alguns significados da sua fachada e por ali fiquei alguns vinte minutos. Encontrei o austronauta, coloquei a mão no coelho e pedi um desejo, se ele se concretizar tenho que voltar a Salamanca e agradecer! Boa Boa!” (Se me lembrasse do que tinha pedido era um bom começo...)

“Depois das aventuras em busca do Sapo (Rana de la Suerte), seguem-se as aventuras da semana das praxes! Sabe-se lá em Portugal o que são praxes!” Só vos posso dizer que fui alvo de uma alarvidade em plena na Gran Vía e que me senti perdida...

“Tive o meu primeiro momento de chamada à realidade: estou em Espanha, a acabar o curso, estou por minha conta e risco. É assim! Faz parte... "nobody says it was easy"... uma frase que se tem encaixado na perfeição na minha vida!”

[Os fins-de-semana têm sido de] “copas, copas y más copas... las peores de toda mi estada en Salamanca!”



“Já começamos a frequentar a biblioteca e a marrar, isto não se vive só de copos e gargalhadas! Também se trabalha e bem!”

Depois de muito batalhar para entregar os trabalhos a tempo... o último email para Portugal foi nostalgicamente escrito...

“É de noite, tenho a Catedral como pano de fundo, umas velinhas acessas e um silêncio tranquilizante. É por estes momentos que é bom viver sozinha, sem azáfamas familiares, sem horários e sem rotinas.”
“A vida aqui é um misto de gelado de morango com iscas de fígado! Tem dias em que corre sobre rodas, que a cidade me fascina, que a liberdade me conquista e que me sinto dona e senhora do mundo, outras em que me aptece sumir... às vezes, sinto a falta da confusão de Lisboa, das viagens de comboio, do tempo dispendido frente ao mar. Mas esse foi o desafio a que loucamente me propus, foi aprender a viver de outra maneira, numa outra cidade, com uma outra perspectiva de vida.”

“A maior alegria é sentir-me mais perto na distância!”



E no meio da divagação nocturna eis que surge:

“Só não queria deixar de passar em branco que nesta noite em que sinto que a paz se instalou cá em casa me lembrei de vocês!”




Depois disto... acho que posso começar a publicar as aventuras do presente 2009!

Boa Semana!!!