segunda-feira, 9 de março de 2009

Amendoeiras em flor

Regressei ontem de Zamora. Apaixonei-me pela cidade, pelas suas ruas, as suas cores as suas amendoeiras em flor. Deitei-me na relva à beira Douro e lembrei-me das tantas e tantas vezes que me deitei à beira do Sado.
Há qualquer coisa nas beiras dos rios que me deixam tranquila.

Partimos na 6ª feira, música aos berros e uma pequena malinha! Em 50 minutos abriu-se uma nova cidade e novas caras. Procuramos instalações para nos quedarmos tranquilinhas... os primeiros hostais que visitamos metiam o seu medo: Hostal Chiqui – de repente estávamos numa daquelas casas de velhotas cheias de biblots, a cheirarem a hospital e com umas camas ‘muy anchas, como no van a encontrar en Zamora, sí se quedaren por más que una noche pido a mi hija para hacer ...’ – já não ouvi mais, o cheiro incomodava-me em demasia. Segundo hostal: Hostal Luz - ok, desta vez estamos nuns balneários e ninguém me disse, cheira a cloro, as paredes são tão brancas que ofuscam e a senhora é uma besta mal criada... prosseguimos caminho, depois de algumas tentativas encontrámos o Parador. FRUTA A MAIS PARA AS PEQUENAS CHICAS DE ERASMUS... e lá fomos nós já meias desapontadas com os hotais que não eram o que esperávamos. E eis que!!! HOSTAL SIGLO XX!!! Um mimo de quarto, um mimo de senhora, um mimo de cheiro e um mimo de preço! É aqui!!!

E foi ali mesmo que pernoitamos as duas noites em Zamora. Na primeira demos uma volta de reconhecimento e jantamos lindamente num barzinho de Sidra, fomos beber um copo a um bar giríssimo em que a pista de dança era uma recriação de gruta... o cansaço venceu-nos e recolhemos ao siglo XX para dormir.
Sábado foi dia de morangos comidos no mercados de abastos, dar a volta à cidade, visitar as mil e setecentas igrejas que Zamora tem, sentirmo-nos em harmonia com a sua arquitectura do séc XII/XIII, calcurrear todas as ruas possíveis e deleitarmo-nos com a luz da cidade. Entre o Museu da Semana Santa e uns postais escritos ao sol do fim da tarde íamos a caminho do hostal e passou por nós um desfile de motas. Foi ouro para os meus olhos!

As sirenes dos batedores a abrirem caminho traziam atrás de si o maior dos desfiles de motas jamais vislumbrado pela minha pessoa. Uma delas (a do campeão do mundo de qualquer coisa) era uma junção de carrinho de choque, com nave espacial fazendo uma ode a um casino, das suas colunas saía uma música que inundava a Plaza Mayor de Zamora. Gostaria de ter tirado umas fotografias para mostrar aos interessados, mas a máquina ficou sem bateria a meio da tarde!

Jantámos arroz à Zamorana e fomos directas para a cama, o dia tinha sido longo, com muita caminhada e no Domingo havia que visitar a Catedral e o Museu. Assim foi – o Museu é pouco digno de ser chamado Museu, a Catedral é lindíssima, diferente do que já vi e como estava a decorrer a missa havia uma evolvência ainda mais sagrada.

A missa em Espanhol tem qualquer coisa ainda mais transcendente que em Português. Acho que é pela força da língua e a musicalidade estrondosa que ela tem. Como era o dia da mulher o Sr Padre falou um pouco das mulheres de todo o mundo e eu viajei até ao Brasil... quando regressei a conversa estava no amor que as mulheres podem dar tão incondicionalmente e aí pensei ‘Mas que raio!!! Este gajo persegue-me?’ – tempo para sair e me perder em considerações sobre o amor e as relações humanas enquanto regressava ao centro da cidade e me encaminhava o mais lentamente possível para o carro.

Tempo de regressar a casa e deixar que Zamora fique comigo por muitos e bons anos.

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