Já vos tinha falado da obra de arte que a Natureza me deixou no corredor – bolor. Até já me tinha habituado à enorme mancha de várias cores que adorna a parede que outrora foi branca.
O que ainda não vos tinha dito é que há uns pequenos e repugnantes seres que habitam comigo – baratas.
Espero que a minha Tia Teresa não venha ler o blog nos próximos tempos...
Pois é! Baratinhas! Ora grandes, ora pequenas, sempre de patas para o ar e sempre no caminho da Constança. Parece que elas têm um fascínio especial pela Loirinha cá de casa, e perto de mim mal se chegam. A Natureza tem mesmo coisas que não se entendem, elas podiam escolher a minha pessoa para aterrorizar, o máximo que iam conseguir de mim era um ar de piedade e uma visita ao saguão – mas não, elas teimam em aparecer à Constança, surgem, na maior parte das vezes no quarto dela, e assombram os dias da pequena!
Hoje, enquanto varria o corredor e mirava de soslaio o bolor e a sua obra de arte, tropecei num dos pequenos seres de pernas para o ar, lá agarrei nele pelas patas e joguei-o saguão abaixo – e este pequeno gesto de agarrar numa barata levou-me até aos Verões de S. Martinho, onde as baratas habitavam o terraço e o meu Avô João, volta e meia sem a minha Avó ver, as pisava e riamos como duas crianças. Acho que foi nesses Verões que criei um carinho especial pelo bicho barata. Não tanto pelo bicho em sim, mais por aquilo que ele me faz lembrar: as chegadas da praia de mão dado com a Avó, as sestas com o Avô, os lanches na praia com os primos, os passeios de barco que eu tanto detestava, o cheiro a infância que já não volta, as ameixas comidas à mão no mercado, as chuchas que a Clotilde me comprava e que eu punha nos colares, e tantas outras coisas que me deixam nostálgica.
E não posso deixar de pensar que toda esta nostalgia me veio visitar porque, a meio da minha manhã de faxina, uma barata me veio dizer “Olá!”
Cheira a mata-bichos e espero que elas se assustem e fujam cá de casa, porque eu até posso ter um carinho especial e parvo por elas, mas ter que sacudir as sabrinas sempre que as quero calçar porque elas morrem no armário... não, obrigada!
domingo, 15 de março de 2009
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